Pesquisas recentes no Brasil revelam avanços promissores no tratamento de indivíduos com transtornos do espectro autista (TEA) através do uso personalizado de extrato de cannabis. Este estudo, publicado na revista Frontiers in Psychiatry, foi conduzido por especialistas da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e outras instituições renomadas.
Uma Abordagem Personalizada
O estudo acompanhou 20 pessoas com TEA, tratadas com extratos de cannabis produzidos nacionalmente. O diferencial deste tratamento está na personalização da dosagem, ajustada conforme a resposta de cada paciente. Leandro Ramires, diretor médico-científico da Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal (AMA+ME), enfatiza a importância da individualização na prescrição desses extratos.
Resultados Encorajadores
Durante seis meses, os pacientes receberam doses diárias de canabidiol (CBD) e tetraidrocanabinol (THC), ajustadas após avaliações clínicas periódicas. A maioria dos participantes apresentou melhorias significativas em sintomas como insônia, agressividade, déficit de atenção, hiperatividade, crises convulsivas e alotriofagia. Além disso, observou-se um aumento na autonomia dos pacientes para realizar atividades cotidianas.
Impacto na Qualidade de Vida
A pesquisa destacou não apenas a melhoria nos sintomas do TEA, mas também um aumento na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares. Renato Malcher-Lopes, coordenador científico do projeto, ressalta que o objetivo não é sedar o paciente, mas sim melhorar sua interação com o mundo ao redor. Em muitos casos, houve redução ou interrupção do uso de outros medicamentos.
Conclusão
Este estudo representa um avanço significativo no tratamento do autismo, demonstrando que a cannabis medicinal, quando utilizada de forma personalizada, pode oferecer benefícios substanciais. A pesquisa abre caminhos para novas abordagens terapêuticas, ressaltando a importância de tratamentos individualizados.